O soro fisiológico é largamente utilizado por nossa sociedade desde outros tempos. Hoje em dia, basta um nariz entupido, para que ele apareça em cena.
Paliativo em tratamentos de gripes, resfriados e sinusites, soro fisiológico a 0,9% é recomendado para lavagens nasais frequentes, como se nosso corpo fosse apenas nariz.
O soro que conhecemos, ou solução salina a 0,9%, é composto por 9 g de NaCl (cloreto de sódio) para 1 litro de água.
Cloreto de sódio é a ligação de um átomo de cloro com um átomo de sódio, ou seja, o cloro também está ali, e mesmo desconsiderado, pode abalar o organismo quando em excesso, e em conjunto com o sódio.
A origem dessa composição salina ocorreu após surto de cólera na Europa, na metade do século XIX. Dali para frente, várias composições de água salina foram desenvolvidas.
Em estudo realizado na Inglaterra, “A história da salina 0,9%”, os autores concluíram que não existe, de fato, comprovação cientifica para a difusão da prática de pingar soro fisiológico no nariz à granel. O uso de salina 0.9%, na verdade, foi baseado em estudo de prática clinica com apenas um estudo in vitro.
Utilizado como descongestionante nasal, o soro fisiológico possui estudos que comprovam sua relativa eficácia, desde que em ação conjunta com outros medicamentos, ou seja, sozinho não funciona tão bem.
Mais essa: Eletrólitos!
Os eletrólitos são responsáveis pela condução dos impulsos elétricos pelas membranas dos nossos corpos.
Os eletrólitos mais importantes para nosso organismo são sódio, potássio e cálcio.
Os três possuem funções essenciais para o bom funcionamento dos nossos sistemas neurológico e cardíaco.
O consumo excessivo de cloreto de sódio compromete sua capacidade de eliminação pelos rins. A capacidade humana de excretar esses excessos é muito limitada. Conforme LOBO (2004), “na evolução dos mamíferos não se contava com o consumo excessivo de sal (sódio) na alimentação”.
O sódio é o eletrólito mais conhecido de todos, por sua associação com os nossos batimentos cardíacos. É importante para a entrada de água em nossas células.
Os rins humanos são naturalmente lentos na excreção de sódio e cloro, obtidos através da alimentação, consumidos em excesso através de produtos industrializados e medicamentos.
Como consequência dessa eliminação lenta pelos rins, os íons de cloro e sódio aumentam na circulação sanguínea.
Esses excessos ocasionam em vários desequilibrios e na diminuição do pH do organismo, provocando acidez.
Essa acidificação, por sua vez, acarreta em diminuição nas concentrações de bicarbonato de sódio presentes no corpo humano. O bicarbonato de sódio tem como função principal alcalinizar o organismo.
A dificuldade de eliminação pelos rins resulta em acidez. Essa acidez provoca aumento de secreções pelo organismo.
Logo, um circulo vicioso se estabelece, com soro fisiológico para limpar o nariz utilizado indistintamente, aumento de secreções, mais soro, mais secreções, mais vaporizações e inalações com soro… Ao combater o desequilíbrio, nosso corpo produz mais secreções e catarro.
Ainda tem que esse acumulo de sódio e cloro podem sensibilizar o sistema digestório, provocando azia, náuseas e võmitos.
Leia aqui um trecho do estudo elaborado pelo Centro Universitário São Camilo/SP, sobre o uso do soro fisiológico em larga escala nos dias atuais:
(…)a solução salina 0,9% não contém os outros minerais contidos no plasma, e não pode, portanto, ser considerada fisiológica. Grandes quantidades de solução infundidas acumulam o Cloro e o Sódio, os quais o rim não tem capacidade de excretar rapidamente. (AWAD,et.al. 2008).
(…) Grandes volumes de solução. Salina a 0,9% ( 50ml/Kg em 1 hora), em pacientes saudáveis geram: desconforto abdominal, náuseas, letargia e diminuição na capacidade de raciocínio em responder a questões complexas. Estas alterações não foram notadas com a infusão da Solução de Hartmann na mesma quantidade e tempo. (LOBO, 2004)
Dicas:
1- UTILIZE O SORO FISIOLÓGICO COM MODERAÇÃO em bebês e crianças pequenas, para não super estimular a produção de secreções (e acidificar o organismo);
2- Ao ser aplicado, o soro pode refluir para o ouvido médio e provocar inflamação. A inflamação pode ser confundida com mais um sintoma da doença em tratamento;
3- Não utilize o soro gelado. Aqueça movimentando o frasco entre as mãos.
4- Pessoas com problemas cardíacos ou renais devem tomar cuidado com o uso de soro fisiológico indistintamente. O sódio retém água, elevando a pressão arterial e predispondo o corpo às doenças cardíacas e renais.
5 – Soro fisiológico é medicamento, portanto, só deve ser utilizado sob prescrição médica.
MEDIDAS NÃO-INVASIVAS PARA TRATAR A CONGESTÃO NASAL:
Experimente pomada de calêndula. A calêndula é cicatrizante, analgésica, combate micro-organismos nocivos e possui ainda outras 1000 utilidades.
Na congestão nasal, atua secando toda secreção e aliviando as dores.
Passe a pomada sobre os seios da face:
Vaporização com ervas: Utilize um vaporizador colocando ervas como camomila, lavanda ou malva.
Eleve cabeceira do berço ou da cama em tempo integral.
FONTES:
SHERIF, Awad; ALLISON, Simon P.; LOBO, Dileep N. A História da Salina 0,9%. Division of Gastrointestinal Surgery, Wolfson Digestive Diseases Centre, Nottingham University Hospitals, Queen’s Medical Centre, Nottingham, UK. In: http://www.quintessencia.com.br/pdf/nutri-txt2.pdf
UNESP CIÊNCIA. Sede de Sal. Mar 2011.
In:http://www.unesp.br/aci_ses/revista_unespciencia/acervo/17/sede-de-saldesidrata%C3%A7%C3%A3o
REDDI, Benjamin A. J. Adelaide University, Adelaide, Austrália. Por que a solução salina é tão ácida? In: http://www.medsci.org/v10p0747.htm